terça-feira, 26 de junho de 2007

Caatingando rumo a nada ou nadando no seco!

Ofereço aos amigos uma tradução ou descrição pormenorizada do poemeto ¨o mar não é minha praia¨publicado anteriormente. Quem é caatingueiro não vai ter dificuldade em compreender minhas palavras e apreensões.


Há uma relação desproporcional entre a ocupação do semi-árido e a capacidade de recomposição da flora catingueira. Que a caatinga vai virar deserto, disso não há a menor dúvida! mas que seja em passo lento.

Ao cruzar essa terra linda, com suas plantas contorcidas e esbugalhadas, de raízes profundas e poderosas, vê-se que ¨o sertanejo é antes de tudo um forte¨ faz sentido. Desde o principio, neste ambiente inóspito e selvagem do catingueiro, a caatinga é a suplementação do homem sertanejo...desde que ele se integre nesse fogaréu e não ponha mais brasa na fogueira. A caatinga é forte e adaptada aos déficits impostos pela geografia dela própria. A mão do homem desmonta essa relação em franco desequilíbrio com rapidez a jato, a mão do homem chama-se pastagem, a boca do gado devora a pele da caatinga.

Sob o solo há vida, são minhocas, aranhas, ácaros, uma microflora desapercebida a olho nu. As raízes das plantas nativas excretam substancias que dão vida a seres minúsculos que ajudam a manter o equilíbrio nessa biosfera particular http://www.biomacaatinga.se.gov.br/ . Existem plantas que suportam a torridez típica e se mantém com vida e alimentam esse ecossistema. Basta um passeio pelo sertão nordestino, com os olhos atentos à destruição da mata, os espaços abertos para o cultivo de pastagem ( a pastagem não resiste às intempéries típicas ) o solo ( que é a pele a que me refiro) fica exposta a ação direta do sol, alcançando temperaturas altas, acima de 70ºC não permitindo a vida nessa camada de solo, findando uma relação de auto-suficiência compartilhada.As plantas são erradicadas junto à vida subsolar.A caatinga se torna um imenso pasto de capim buffel , que só brota nas aguadas. A boca das rezes e ovelhas comem a vida da caatinga, que se auto consome. Já é visível a desertificação humana nessas bandas. Muitas bobagens são ditas e mostradas como viáveis , a pesquisa caminha a passo de tartaruga, esse resumo da embrapa http://www.embrapa.gov.br/linhas_de_acao/ecossistemas/semi_arido/index_html/mostra_documento mostra isso, muita luz no túnel ( uma babel para os políticos ) mas que dificilmnte será realidade. O armazenamento de água é o caminho mais racional para não morrer de sede no sertão. Cultivar plantas que não seja nativa ou adaptada são outros quinhentos. O que vimos na pratica é uso irracional da água e das fontes não perenes.A água tem que ser estocada e lacrada para evitar-se a evaporação( que é intensa e extrema) e ser utilizada para consumo humano e para poucos animais.


A criação extensiva de animais na caatinga causa a extinção de sua flora. Não há juazeiros, umbuzeiros, umburanas que resistam às boquinhas famintas de bodes, bois e ovelhas.Tem que se respeitar à velocidade de recomposição da mata nativa. Quando criança, ouvi muito esse ditado: ¨prato em que come um,comem-se dez! balela, inanificam-se dez ! Esse raciocínio é aplicado no uso da caatinga, sobrecarregam-se o pasto nativo ( como se vegetação nativa assim o fosse) com bois e bodes e rapidamente vimos a desertificação de nosso chão. Quando digo: pisamos em brasas, não é só poesia, é a verdade crua. A incidência de raio solar no solo sem vegetação, torra toda vida ali existente.

Quando se pensa em explorar racionalmente a caatinga, sem leva-la à desertificação irresponsável, lembremos Hipócrates ¨ A vida é breve, a arte é longa, a ocasião fugidia, a experiência enganosa, o julgamento difícil¨ , para não matar o doente com o próprio remédio.






quinta-feira, 14 de junho de 2007

Gabí, um lápis e nossas conchas

Gabí riu com minhas conchas,
Se viu em conchas calcificadas e adornadas num pescoço divino.
Gabí
nem sabe que a poesia dela tem muito a ver comigo, assim como as conchas que povoam mares e mares nos mundos.


A praia onde Gabí mora não é de areia, é de sentimentos e sentidos.A praia de Gabí é infinita, do tamanho dos sentimentos dessa poetinha. O sentimento de poetinha vai além de onde a vista alcança, transpassa a cerca. A cerca de Gabí não é de arame, é de conchinhas flutuantes, que vão e voltam...o espaço de Gabí não se mede com régua, a régua que mede Gabí
não é de números: é de letras garrafais !

Gabí tem dois olhos falantes: eles me dizem que um colar de conchinhas, em Gabí
vai torná-la diferente, uma diferença sutil, onde só as letrinhas que ela sussurra pro
Octávio Castell poderiam traduzir !

domingo, 10 de junho de 2007

entre uma lenda e um encanto


Um colar de contas
Contas que vieram do mar
Um conto sobre o mar, sobra as contas, sobre os dragões que firulam nos confins...do mar!

Conto uma estorinha sobra a lenda do dragão que assobiava contas que vieram do mar.
O mar que encantou a tantos e nem faz parte de mim.

Não há dragões no mar, conchas é o que há.

um mar de conchas se atracam na areia, que se enroscam no chão...que piso!
As conchas se enroscam no pescoço da musa, que a fazem mística e diferente de tudo que povoam nos mares, nos contos homéricos do homem que mata e fere o dragão.Do homem que sofre ferido no peito, pelo fogo que sai dos olhos da amada musa...que pisa na areia,que esmaga as conchas e carrega entre as coxas um filete da fúria ardente do duelo travado entre o céu e a areia!!

sexta-feira, 1 de junho de 2007




Um leão por dia,
Sempre terá um dia à frente...leões se extinguirão !

Extinguiremos também. No rumo em que vamos, ...ploft !

E daí? Que é que o leão tem a ver com isso ? essa figura de linguagem retrata bem (demais) o aperreio nosso de cada dia, nessa eterna luta entre o homem X dia, versus o tempo, versus a lida, versus os versos nossos de cada dia, é o mesmo que o pedreiro que tapa com cimento aquele buraquinho no rodapé da parede, causado pelo sal . Na hora dá alivio (ufa! Um buraquinho a menos) depois...ploft! um buraquinho a mais !

Os buraquinhos que driblamos dia por dia, são os leões de garras e dentes tenebrosos que fugimos ( ou não ) rumando pra eternidade ( digo: paternidade ) pois somos criador dessas lamurias eternas que consomem a nós mesmos cada santo dia. (**como diz a musiquinha do peixinho no desenho animado: ...continue a nadar, continue a nadar!)

O sorriso só não basta, é preciso injetar endorfina a cada instante. E a fórmula? Putz, engoli ! O papelzinho é degradável, não sai na merda...quem sabe vire adubo, nutra uma flor belíssima, encante meu dia e me faça lembrar de como tudo começou ? essa bendita flor
é fonte da inspiração que injeta a tal endorfina que aclara meu sorrisinho de cada dia.

Quanto aos leões, vou trocar de bicho, vou matar um peixinho animado a cada dia...pra saciar minha fome, ainda resta infinitos mares profundo a desbravar!



**foto: menino de rua desafia policia por evandro Monteiro.