quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Estrada sem fim é essa?
Quanto mais se anda mais se cansa, mais se pensa que andar é ralar por nada!
Que estrada é essa seu moço?
Só tem curvas no fim das retas.
Se sou reto, entorto as regras. Que estrada sem fim é essa?

Vale quanto despreza, pisa em quem reza!
Estrada é essa seu moço?
Rico é quem tem ouro, desde que a pele reluza ...até o Cáucaso!!
Pobre é quem ?

Cadê o mote?
Cadê o norte ?
Cadê a morte, que não chega?
Cadê a cadela de rasgou meu mote?

Estrada é essa?
É sorriso maroto de engraxate de meio de feira, torcendo por um real.
É turquilha de beira de estrada,é batata doce de fundo de quintal...é a jumentinha Honda nossa de cada dia!!!

Não sou patrão de mim, o leão me morde na jugular um ¨cadim¨, todo dia.
Quem tem boi como vizinho, não pode plantar.
Quem planta, só ao governo e aos ¨bois¨dá!!
Se tem cura? Tem! Mude de lugar!!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007



Lia, ôô Lia! Lia de Itamaracá...

Lia povoa meu imaginário desde sempre. Quando criança, eu não imaginava lia como ¨pessoa¨, eu achava que lia era uma lenda, tal qual sereias, sacis, curupira...¨essa ciranda quem me deu foi lia , que mora na ilha de itamaracá....¨esses versos de ciranda impregnava minha mente infantil.Nunca consegui transformar em imagem o nome Lia de itamaracá. Em 1992 um amigo visitou itamaracá e tirou uma foto ao lado de Lia.Quando vi a foto do Japinha ao lado de lia, acho que bradei : Eureca, essa é lia! transformei trinta e tantos anos de lenda em feição real. Mas não era bem isso que faltava para compor minha definição de Lia, a merendeira cirandeira! Fui ao marco zero em Recife, vê-la cantar. Tremi feito vara verde, aquele mulherão enorme, jeito de deusa Nagô, cheia de balangandãs e turbante, parecia gigante...entoando suas cirandas, num balanço mágico me emocionei por dentro, aquela senhora lendária havia nascido pra mim naquele dia. Enquanto cirandeava, naquele ritual Jurássico de dois prum lado dois pro outro, voltei a minha infância, na beira do rio...quando as lavadeiras cantarolavam a ciranda de lia, em vozes bem ¨trinadas¨, eu cantava junto entre um mergulho e outros no meu chicão( lia era lenda até em meus mergulhos de rio) .

Dias atrás fui vê-la aqui em Petrolina, me preparei emocionalmente pra vê-la e ouví-la: fui sozinho, não levei câmera fotográfica, quero a imagem de lia dentro dentro do meu imaginário, uma lenda viva que prefiro apenas idealizar. Começa o show, fico travado feito ¨joão besta¨( um pássaro que povoou meu imaginário infantil) de repente , ao invés de risos ou balanceios ¨cirandeantes¨, lágrimas e lágrimas gostosas, lágrimas de emoção, lágrimas risonhas que caiam de mim..lia cirandeira é imensa, é mágica circense...lia é sereia do mar, são sentimentos indecifráveis que afloram, feito mergulhos no rio que deságua no mar da ciranda de lia. Por isso digo: Sou feliz !! muitos anos de vida pra sereia lia de Itamaracá!!
entrevista com lia de itamaracá aquí
lia de itamaracá no youtube cirandeando aquí