sexta-feira, 18 de julho de 2008







Ontem tive um sonho de anjo
Um sonho tão sonho,que nem sei se dormi.

Sonhei que voava
Que subia bem alto
Que tocava as estrelas e depois voltava.

Vi de cima os telhados, as casas, os carros.
Mas de forma estranha,diferente, tudo reluzindo e as pessoas contentes.
As casas não tinham telhados de barro,nem de fibra, nem de nada que lembrasse um telhado.
Era folhas verdinhas, ramos graciosos,eram plantas e árvores
Que protegiam o homem do calor,do frio do perigo que os rodeiam do temor que os matam
Todos viviam sob árvores,
e no lugar de calçadas, chão fofinho, chão macio e cheio de vida.
Terra escura, povoada por minhocas,formigas,lagartos,insetos de formatos e tamanhos diferentes.

Havia tons arco-íris em tudo e todos.
As pessoas andavam saltitantes e sem pressa. Os sorrisos eram fartos e sinceros.
Vi do alto pássaros, animais, riachos e cachoeiras abundantes.
Crianças descendo ladeira abaixo, velhinhos subindo ladeira acima sem o menor sinal de cansaço.

Desci suavemente, fitei pessoas e pessoas, todas diferentes... Sentei-me num banquinho de folhas, num amontoado macio. Esperei sem pressa, ninguém me via. Senti uma brisa tocar em meu rosto, acariciado senti-me no paraíso. Olhei tudo minuciosamente, toquei nas flores, vi pétalas se abrindo numa explosão de cores. Meus olhos não queriam fechar-se como se tivesse vida própria. A brisa cheirosa e aconchegante me fascinava(como é bom aqui).

Chamei-me bem alto, querendo dizer¨quero ficar aquí¨, estou no céu!
Vi um índio bem alto,forte, com penas lindas na cabeça.Veio até mim e só me olhou. Não precisava dizer nada,entendi. Sou bem vindo. Colocou uma bola de luz verde em minha mão me dizendo: vai e cura. Faz tua parte, dê um pouco de luz a quem chora, dê riso de amor a quem passa. Sinta de dentro de ti fluir o sentimento nobre do perdão, repasse sem nada cobrar tudo que ganhastes sem pedir.

Flutuei verticalmente até o espaço, vi o planeta azul. Lágrimas de saudade rolaram-me olho abaixo, vi manchas escuras em minha terrinha(pensei: como ela é pequena!), minha terra tem tumores e chagas, a cura está em nós. Somos o veneno e o bálsamo.

Meu belo amigo índio acenou pra mim, fui vê-lo. Vi símbolos em sua pele, tatuagens coloridas e talhadas no seu peito. Eram desenhos antigos, pergaminhos perdidos numa língua antiga
( talvez Aramaico ), tentei ler e não compreendi. Sou como qualquer um, sou inacapaz de compreender as palavras que salvam.

Voltei pro real, caí em mim. Não tenho nada, absolutamente nada diferente dos outros, sou pequeno diante de tanta adversidade... Ficou uma chama latente em mim, minha mão esverdeada pode ser o elo entre meu egoísmo e minha capacidade de tornar o mundo melhor.
Acordei sorrindo e fui trabalhar.




"A circunferência está no ponto, na semente está o fruto,
Deus no mundo; o que for inteligente buscá-lo-á dentro dele".
Angelus Silesius