sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008




Chuva molha a terra,
Que se perfuma e deixa os brotos aflorarem, saírem de suas entranhas úmidas e macias.



Flores brotam dos ramos, explodem em cores e luzes.
As raízes sugam o néctar da chuva e transpôem-na para as folhas
As folhas captam as luzes do sol,
Que brilha para as nuvens,
que lançam a vida liquida para a terra.

A terra é a mãe de todos,todos somos filhos da chuva:
Que molha os pés dos meninos que jogam bola na lama da terra,
E devolvem em risos ao vento,
pois tudo de bom que a mãe natureza nos dá, é de graça !

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008




Mural

Um grande retalho da vida.
Cochichos de dias e noites sob a luz do luar
Sob o som de batuques de grilos.
Minha avó fazia rendinhas branquinhas e milimetricamente simétricas.
Numa grande morada num quintal
Jogávamos bola de bexiga de boi sob a luz do luar.
Gritávamos feito doidos pra quem primeiro chegasse na pelota disforme, estufa-lá por entre varas de marmeleiros encardidos e adorávelmente retas.
Sob uma chuvalhada de estrelas nos olhamos olho a olho; Pronunciamos frases lindas e nos abraçamos...sob o teto enluarado com cheiro de ervas recém molhadas.



Uma sinfonia de folhas farfalhando e corujas e tetéus gritando , saudando o amanhecer que vinha a galope.



Só nós dois naquela estrada, só nós dois pra nós. Somos dois pares de um.
Sob o eclipse total dormi,
Lembrei de nós dois,
Sentí teu abraço macio
Me deu um arrepio...uma ave pia ao fundo..

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008




Blues da consolação

**ouvindo big al calhoun parte um parte dois (senha: 360grauss.blogspot.com)

Tenho uma estrada sob os meus pés,
É um chão duro,empoeirado...mas é minha estrada.

Ninguém atravessa o caminho,
Não tenho humor pra dividir.
Ninguém me chame de turrão,
Não tenho cigarro,farofa nem culhão.

Tenho um pedaço velho de pão,
Tenho um chinelo meia boca, meia sola , meio pisão.
Tenho no bolso um papel amassado
Nenhum trocado que dê nada em troca.

Blues da consolação, blues da conciliação
Blues de nada ,Só tenho um presságio
Amanhã você me acha
Enterrado em minhas alegorias

Tenho uma estrada apedrejada sob meus pés
É minha trilha de farofa de areia
Tenho uma estrada pra andar
Só não tenho você comigo.