terça-feira, 24 de abril de 2007

PRUMOS ( pequena parte )


Sou a parte divisível, faço atos e traço a linha em mistério, se busco, não sei. Caminho a passos lentos em uma velocidade inconstante, aprendiz me acho.

A lenha atiça o fogo, a vida me faz de morto, sou matéria, glóbulos, genes, sou ser, sou estrada trilhada, máquina vã, guia das manhãs, dos risos, das lágrimas, do tempo onde ferir me faz refletir o quanto se aprende na dor, na ausência dos seres que iluminam, que instigam , que complementam os dias, dos que ficam e irradiam a magia...do simples estar perto e nem cobrar a estadia.


Sou bobo, sou o último. Sou primo do ascendente distante, não quero ser imponente, não sigo rumos alheios. Sou próprio, estandarte primeiro em meu mundo. Sou parte de tudo, sou o resto das coisas... sou simplesmente um gigante, suporto o peso de não ser o prumo, o cantante, o comandante desta linha.



Faço-me indivisível e inconstante, repito! Multiplico-me aos quatro cantos, agrado aos infantes, aos arautos errantes, às amantes.

Sou mosto, fermento em ebulição, o caminho poderá ser harmonioso e equilibrado, ou senão azoto e desencantado. A mágica dos anos fará sua parte, onde crescer nem sempre me fará rever as nódoas da vida, tudo passa conforme a dor aumenta. Viver é bom, ser isso é bom. Sou misto de anjo e homem, ser homem é indefinível( haja diversidade neste plano), podemos ser o primeiro passo... às vezes somos a ética da perdição, do caos. Temos na vida essa missão, na consciência temos as mãos, o martelo, o formão... façamos bem feito, pelo menos imperfeito, desde que seja com espaço para a correção.

4 comentários:

Anônimo disse...

estupefato...

Anônimo disse...

como sempre, fantástico...

Gabriela Cruz disse...

Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.

Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.


Álvaro de Campos, pra vc, caro Cesinha!

Gabriela Cruz disse...

Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.

Ainda Álvaro de Campos.
Ainda pra vc.